quarta-feira, 7 de julho de 2010

POVO NEGRO



Eu era um nobre guerreiro,
Dos Reinos de Além-Mar.


No mundo onde a magia
Era para se ver e acreditar.



As árvores eram Entidades,
E os Orixás falavam através de Ifá.

Eu forjava o ferro, a prata e o Bronze
E tinha o ouro para escambear.

Mas um dia Orumilá
Partiu sem avisar!

Deixando sem resposta
O oráculo de Ifá.

Nesse dia os mercadores,
Que não temiam mais o Orixá,
Se despiram de seus valores,


Você sabe, eu sei, não é lenda:
Puseram seu irmãos negros à venda!



Nos fomos acorrentados
Tal qual feras bestiais,

Um dia éramos caçadores,
No outro viramos animais.

Homens com pele que o sol não viu,
Nos trouxeram para o Brasil.

Nos cheios porões dos navios
imperava a solidão.

Misturaram nossas tribos,
Para que não reconhecessemos
Nossos irmãos.

A morte era uma dadiva,
Um alívio do sofrimento.

Mesmo assim, algumas mulheres
Entoavam negros lamentos.

Enfim chegamos!

Adeus trono, Adeus sucessão,
Morrí Rei, Renascí Escravo
Na terra de Dom João!



Bela D'Oxossi - 12 de Maio de 2010 ás 15:57hs - Sepetiba, Rio, Brasil

Viva o Povo Negro!!!!!

Um comentário:

  1. Um epopeia, belíssima. Poesia comm as imagens agora, puro deleite da Roupa. Em novembro ela far a segunda parte dessa epopeia, a moderna, dos negros já libertos e "inseridos" na sociedade e cultura brasileira. Certeza de nova epopeia.

    ResponderExcluir