sexta-feira, 20 de agosto de 2010

TROFÉU PALMARES 2010 - LAVAGEM DA FUNDAÇÃO





Agora a festa da lavagem da Fundação Palmares com presença de ministros, senadores e as várias mães de santo do Brasil todo.























http://www.palmares.gov.br/

TROFÉU PALMARES 2010





É gente! A festa do troféu começou!
Consegui clicar Selma do Coco, Mãe Neyde, Alaíde do Feijão, Mestre Cláudio, Carlos Eugenio Libano Soares, e por aí vai.
Espero conseguir clicar Mãe Chica com as Divas : Daúde, Mart'nália, Alaíde Costa, Rasa Maria, Luciana Melo,
Margareth Menezes, Paula Lima.
Estou adorando!
Já ganhei livro de Joel Zito Araújo e Maurício Pestana, este autografado para Oranyan ... Enfim ...
Já ví Edir de Castro, atual Edyr Duqui (ex-frenética)!
É muito axé!
Beijos
Amo todos e cada um!

Brasília é frio pra c............

Grata pelos votos

Mamãe foi super homenageada e elogiada na coletiva para a imprensa















http://www.palmares.gov.br/

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

VOLMAR



Volmar havia sido deixado pelo pai num banco da estrada de ferro central do Brasil, enquanto ele iria buscar um lanche e comprar um cigarro. Só que ele nunca mais voltou. Volmar esperou, chorou, se desesperou, mas quando viu que tinha sido abandonado, deu logo um jeitinho de pedir o que comer a uns e outros, pedir um trocado, dormir num cantinho aqui e ali.....e com seis anos e meio já era um morador de rua profissional. Só tinha um detalhe, andava sempre só, nunca em bandos.
Fez amizades com ambulantes, cafetões, prostitutas, frentistas, garçons, flanelinhas e quem mais freqüentasse a noite e não fosse tira. Não se lembrava do seu sobrenome, nem da casa ou da cara de seus parentes, era um cidadão do mundo. Era um faz tudo, vivia de biscates e a noite se aboletava em alguma marquise para passar a noite.
Seu apelido, agora era Mazinho.
Um dia, a polícia resolveu dar uma limpeza nos mendigos, devido a visita de um chefe de estado estrangeiro ao Rio. E tudo quanto era morador de rua tinha que dar um jeito de sumir, ou seria levado para algum abrigo. E ali, durante uma batida, Mazinho, que estava
engraxando os sapatos de um professor de dança, largou o professor e saiu correndo pelas ruas com a policia no seu encalço. De repente, sem ter pra onde fugir, se esgueirou pela porta de um hotel vagabundo, sem que o gerente notasse e se escondeu num dos quartos, se era esse o nome que se dava aquele pardieiro. Quando a noite chegou, o faxineiro o encontrou dormindo, todo encolhido, abraçado a caixa de engraxate. Chamou o gerente e o porteiro. O porteiro perguntou ao gerente o que fariam com o Pivete, mas como o gerente já conhecia Mazinho das ruas, apenas o acordou e depois de perguntar o que estava fazendo alí, foi solidário com ele e disse que até a tempestade passar ele poderia ficar alí, mas teria que trabalhar para comer e dormir. Arrumou-lhe um uniforme que dava 10 Mazinhos dentro e pegou um par de “congas” nos “achados e perdidos” do estabelecimento. E assim Mazinho virou auxiliar de ajudante de office-boy do hotel Pouso dos Braganças!




O caso era o seguinte, um galego que era conhecido por seu Bragança e que ninguém conhecia, se dizia pertencente a família real portuguesa, e embora aquela espelunca só fosse pouso de prostitutas e seus clientes e de usuários de drogas, para Mazinho aquele seria seu primeiro lar, depois de ter sido largado por sua nobre família. Os dias, os meses, os anos foram passando e Mazinho, já era conhecido como Mazzo e já havia sido promovido a porteiro, quando o antigo morreu. Ali, ele havia se tornado homem (como cortesia da casa), havia aprendido a ler, escrever e contar com o gerente e quando queria engraxar os sapatos, chamava um desses meninos de rua para fazer o serviço. As prostitutas agora eram tatuadas e cheias de piercings, e algumas falavam bem grosso e tinham quase 2 metros de altura. Mas o importante era que ninguém quebrasse nada nos quartos e desse a percentagem, além do tempo de permanência nas suítes. Ele continuava sem conhecer o galego, o chefe, o dono da espelunca de origem nobre. Mas isso não tinha importância, o que era importante era o perfeito funcionamento do Pouso dos Braganças!
Até filme já tinham feito lá, um foi até premiado lá fora e o outro foi muito vendido para as grandes redes de motéis do país.
O Pouso não era um lugar qualquer.
Um dia, durante a folga do gerente, ou seja, durante as poucas horas que o gerente desfrutava do direito de ser hóspede, ele exagerou na dose de viagra e empacotou lá mesmo, em cima da puta. Foi um dia de muita tristeza. Principalmente para seus filhos que tiveram que buscar o pai naquela situação vergonhosa, até porque eles não sabiam onde o pai trabalhava.
Mas depois do enterro tudo voltou a funcionar como antes. Só que havia um porém: o galego não deu as caras, e quem seria o novo gerente? Mazzo, não se fez de rogado, conhecia o Pouso como a palma de sua mão e se autopromoveu a gerente interino. É claro que seu poder e suas gorjetas aumentaram significativamente, mas até o dono aparecer assim seria. O filho do faxineiro virou porteiro interino e a vida seguiu seu rumo.
Volmar agora era conhecido como seu Mazino, o Mazzo interino.
Uma tarde, assistindo a um programa na tv do lobby do hotel, ele viu um casal muito humilde, acompanhado de dois homens e uma mulher, todos muito mal vestidos e falando de olhos voltados pro chão, dizendo que estavam todos a procura de seu filho e irmão mais velho. O pai contava aos prantos que havia abandonado o filho mais velho, com cinco anos, na época, na Central do Brasil, por desconfiar que a mulher o havia traído e que aquele menino não fosse seu filho. E depois de muitos anos e de ter procurado, sem sucesso pelo filho que havia abandonado, ele estava recorrendo ao programa para saber se através da aparência dos outros filhos, seu filho, não seria encontrado e retornaria para o seio da família.
Seu Mazino, olhou a família na tela, olhou seu rosto no espelho, deixou que apenas uma lágrima rolasse de um de seus olhos, embaçando seus óculos. Pegou um lenço, enxugou os olhos, limpou as lentes, pegou o controle remoto, deu um pigarro e mudou de canal.
No dia seguinte, chamou o porteiro interino e mandou que ele fosse na bordadeira bordar seu novo uniforme com a palavra “porteiro”. Depois mandou que ele fosse encomendar uma placa aonde se lia, em letras pretas no fundo dourado, “Sr. Mazino Bragança”, proprietário. E toda semana ele manda rezar, na Igreja da Lampadoza, uma missa pela alma do menino Volmar, falecido aos cinco anos de idade, atropelado pelo trem da Central do Brasil.
O hotel continua funcionando. Seu mazino aceita real, dólar, euro, ticket-refeição, vale-transporte, cartão de crédito, aluga para eventos, filmagens...........
Mas e o galego, hein?!


* As imagens são do Google Imagens